Estudo para facilitar diagnóstico da doença de Alzheimer com apoio de Fundos UE

Jan 14, 2020 | Sem categoria

Um estudo desenvolvido por uma equipa multidisciplinar da Faculdade de Medicina de Coimbra demonstrou que a retina pode facilitar o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, anunciou esta segunda-feira a Universidade de Coimbra (UC).

 

O estudo foi realizado no âmbito do projeto “Alterações cerebrais na doença de Alzheimer: a retina como um espelho do início e progressão da doença?”, distinguido com o Prémio Mantero Belard e Prémios Santa Casa Neurociências 2015, e é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e por Fundos da União Europeia através do Programa Operacional COMPETE 2020.

 

“A retina poderá funcionar como um biomarcador não invasivo relevante para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer”, de acordo com um estudo inovador, afirma a UC, numa nota enviada à agência Lusa.

 

A Alzheimer é caracterizada pela “perda gradual e irreversível de determinadas funções cerebrais, como a memória, a atenção e a linguagem”, representa cerca de 60 a 70% dos casos de demência, segundo a Organização Mundial da Saúde, e o seu diagnóstico “não é fácil de fazer”, sublinha a UC.

 

Além de exigir vários exames, o diagnóstico é feito, frequentemente, numa fase moderada ou avançada da doença, havendo, por isso, “necessidade urgente de identificar biomarcadores subclínicos que possam ajudar a diagnosticar precocemente o início da doença e de forma confiável”.

 

Uma vez que a retina é um tecido do sistema nervoso central (“tem a mesma origem embrionária que o cérebro”) e é considerada uma extensão do cérebro, a equipa de investigadores explorou o conceito da “retina como um espelho ou janela para o cérebro”, isto é – explica a UC -, “a retina pode “mostrar” o que acontece no cérebro, no contexto de doença de Alzheimer”.

 

“Além disso, este trabalho reforça a possibilidade de se usar o olho como uma ferramenta adicional (de modo não invasivo) para o diagnóstico precoce e monitorização terapêutica da doença de Alzheimer”, acrescenta, citado pela UC, Francisco Ambrósio.

 

Notou-se que “a retina, até certo ponto, mimetiza o que acontece no cérebro, isto é, no cérebro há uma redução do volume da estrutura do hipocampo (região do cérebro associada à memória) e do córtex visual, e na retina também ocorre uma redução da sua espessura”, explica o investigador.

 

“Face aos resultados obtidos, seria interessante que os neurologistas ponderassem a prescrição de testes da retina, por exemplo, uma tomografia de coerência ótica (em inglês, OCT), um exame de rotina rápido e simples e que não é muito dispendioso, que permite avaliar a espessura das camadas da retina, contribuindo assim para a validação do método no diagnóstico precoce da doença de Alzheimer”, conclui o Francisco Ambrósio.

 

Apesar de o estudo se ter focado na Alzheimer, pode ser alargado a outras patologias, como doença de Parkinson e escleroses múltipla e lateral amiotrófica.

 

Fonte: Lusa/Compete2020